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Elementos Importantes sobre o Facismo

14/03/2011 21:48

 

 ELEMENTOS DE FASCISMO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

 

Miquéias Nascente da Conceição

09/02/2010.

 

 

RESUMO

 

O Fascismo pode ser compreendido a partir da percepção da realidade vivida no período entre guerras. Os povos do Ocidente pareciam não reencontrar seu rumo naquele curto espaço de tempo. Uma grande crise econômica até então inesperada dentro da história do capitalismo, o crescimento do comunismo na União Soviética, as feridas deixadas pela Primeira Guerra Mundial, também o descontentamento geral das massas populacionais pela pobreza, entre outros fatores, geraram incertezas quanto ao futuro que abriram caminho para novos rumos nas políticas internacionais. Este cenário foi solo fértil para o desenvolvimento do fascismo, com seus governos totalitários, ditaduras militarizadas, que trouxeram ao mundo a imagem e atitudes intensas destes movimentos que dentro de um espaço curto de tempo tiveram seus amplos efeitos no mundo do século XX.

 

Palavras chave: Capitalismo, Fascismo,  Ideologias.

 

 

1 ECONOMIA EUROPÉIA E OS EUA

 

            No início do século XX, a promessa do crescimento e consolidação do capitalismo no mundo se tratava de um fato certo. Como afirma Petta (2007, p. 2):

“A indústria crescia em várias partes do mundo, as colônias modernas faziam seu papel de fornecedores de matéria-prima e de celeiro de mão-de-obra barata a serviço das empresas estrangeiras e as potências industrializadas disputavam as áreas coloniais para expandir cada vez mais os seus empreendimentos. O capitalismo monopolista vencera os entraves representados pelos últimos resquícios do Antigo Regime, como o protecionismo e o nacionalismo econômico, e a sua ascensão parecia não encontrar barreiras.”

              

A Primeira Guerra Mundial trouxe para os países europeus economias comprometidas com as dívidas, conforme Petta (2007, p. 2) “principalmente com os Estados Unidos que foram os grandes fornecedores de alimentos e produtos industrializados para os países aliados”. Dívidas estas que, segundo Petta, “ultrapassavam 10 bilhões de dólares” (2007, p. 2).

 

Por outro lado os Estados Unidos, na década de 1920 acenou ao mundo com um rumo oposto, através da expansão de sua produção. Petta (2007, p. 2) afirma que:

 

“Alguns historiadores entendem que o isolamento dos Estados Unidos em relação à Europa e sua recusa em participar da Liga das Nações foram responsáveis pelas dificuldades que levaram à ascensão do nazifascismo. De acordo com esta análise, os governantes norte-americanos teriam assistido impassivelmente a Europa caminhar para um caos econômico e político que poderia ter sido evitado com seu apoio financeiro.”

           

            A questão que vemos no quadro europeu é que a insatisfação com a situação liberal e capitalista, também socialista e comunista, predominantes neste período foi fundamental para que movimentos políticos contrários ao cenário dominante neste período fossem originados e tivessem grande aceitação e influência na população e a grupos influentes e ligados ao poder, também simpáticos a estes. Com a queda da Bolsa de valores nos EUA, no ano de 1929, estas tendências se tornam mais evidentes na medida em que o declínio capitalista se mostra vulnerável, de acordo com o que socialistas já haviam advertido anteriormente. Huberman (1974, p. 271), por exemplo, escreve sobre a crise:

“Em todos os períodos da história tem havido crises. Mas há uma nítida diferença entre as surgidas antes do crescimento capitalista e as que apareceram depois. Antes do século XVIII,  o tipo mais comum de crise era provocado pelo fracasso das colheitas, pela guerra, ou por algum acontecimento anormal; eram caracterizadas pela escassez de alimento e outros artigos necessários, cujos preços se elevaram. Mas a crise que conhecemos, a crise que começou a existir com o advento do sistema capitalista, não é devida a fatos anormais – parece parte e parcela de nosso sistema econômico; é caracterizada não pela escassez, mas pela superabundância. Nela, os preços, ao invés de subirem caem.”

 

                Por isso, Petta (2007, p. 8) afirma que “os efeitos da Primeira Guerra Mundial e da crise econômica que se abateu sobre a Europa, por toda a década de 1920, geraram insegurança quanto ao futuro de muitos países”. Este tipo de insegurança aliado com as realidades sociais acentuadas no mundo, como o desemprego em massa, a constante alta no custo de vida e as dificuldades em solucionar estas questões, criaram uma descrença no liberalismo e nos valores democráticos. Por outro lado a ascensão e expansão do Socialismo eram evidentes neste cenário. Isto fez também com que a burguesia tratasse de buscar apoio nos movimentos fascistas, assustados com a situação e com as possíveis perdas econômicas.

 

 

2 TENDÊNCIAS TOTALITÁRIAS

 

            Foi dentro deste cenário que surgem os movimentos fascistas, através dos governos totalitários, que ganharam expressão própria em cada País em que floresceram. Segundo Dauwe (2009, 75):

 

“O fascismo se caracteriza em linhas gerais por uma ideologia antiliberal, antiparlamentar, antissocialista, e irracionalista, pelo corporativismo e pela devoção a uma liderança carismática. A característica essencial do fascismo pode ser resumida no anti-iluminismo e na negação da individualidade.”

 

                Como hoje podemos entender, as pessoas neste período não viam estas ideologias como vemos hoje, até porque hoje conhecemos as estratégias e as conseqüências dos planos executados, e como anteriormente fora mencionado, todo o cenário era propício para o sucesso iminente. A criação, pela propaganda, de imagens que atendiam aos anseios da população foi um fator muito importante para a manutenção dos regimes totalitários. Havia uma elaboração muito bem pensada para que as pessoas pudessem ver de forma positiva estes regimes governamentais.

 

Podemos observar dentro deste contexto também um fator de acentuado interesse que conhecemos como Nacionalismo, fundamental dentro do processo, principalmente dentro das circunstâncias específicas de problemas em que os países se encontravam, como, por exemplo, a que atravessava a Alemanha, com seu orgulho ferido em virtude da Grande Guerra. Petta (2007, p. 10) escreve que havia outro fator de sedução (que neste caso entendemos que pode também ser um tipo de incentivo ao nacionalismo): “a sensação de poder observada em todas as milícias paramilitares que faziam parte do universo nazifascista.” Petta continua observando sobre este fato que:

 

“Os jovens, sobretudo aqueles oriundos das camadas mais pobres da população, ordinariamente excluídas de qualquer tipo de privilégio ou de poder, ficavam fascinados pela possibilidade de agir livremente, impor suas regras e fazer valer seus desejos de ser punidos por isso, uma vez que estavam protegidos pelo Estado, que necessitava desses militantes nas ruas reprimindo os adversários do regime.”

 

                O que precisamos compreender dentro deste processo é que o totalitarismo se expandiu porque encontrou uma conjuntura social favorável, e suas implicações foram ao encontro das necessidades mais presentes no que as populações e grupos burgueses de certa forma desejavam.

 

 

5 CONCLUSÃO

 

Estas mesmas realidades estão presentes no momento em que estamos atravessando do século XXI. Diante do cenário mundial é impossível ignorar a presença de movimentos neonazistas, inspirados em modelos políticos relatados durante a presente matéria apresentada.

 

Embora diante da complexidade do mundo econômico e das tendências neoliberais, existe um mundo de certa forma inferiorizado e segregado (embora não seja possível generalizar, existem movimentos bem organizados e influentes), no entanto buscando inspiração nos modelos fascistas apresentados no século XX, como forma de apresentação ao mundo contemporâneo de alternativas ao modelo atual – capitalismo - que se encontra num momento limite de atuação, assim como há alguns anos atrás o socialismo esgotou-se em sua forma governamental. O nacionalismo, dentro deste fator, segue sendo uma das bandeiras que mais tem fortalecido estes movimentos, o estrangeiro continua sendo o elemento a ser eliminado, entre outros elementos importantes que juntos formam uma tendência forte de denúncia quanto ao que hoje somos objetos dentro de um mundo desigual.

 

Este artigo não tem como foco buscar um favorecimento ou condenação ao que se faz neste movimento, mas considera reconhecer sua existência e atuação no mundo atual, até mesmo devido aos fracassos do sistema dominante, num cenário semelhante ao que conhecemos no período entre guerras, onde vimos seu crescimento, atuação e conseqüências, apesar de algumas importantes diferenças entre estes períodos históricos, no entanto, não ignorando seus efeitos.    

 

     

6 REFERÊNCIAS

 

DAUWE, Fabiano; SAYÃO, Thiago Juliano. HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA. Indaial: Ed. Asselvi, 2009.

PETTA, Nicolina Luiza de. HISTÓRIA - MÓDULO 16. Paraná: UNO, 2008.

HUBERMAN, L. HISTÓRIA DA RIQUEZA DO HOMEM.Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 1974.